Estamos nos acomodando com a violência?

Na última terça-feira (12) nós, macaenses, vivenciamos mais uma situação alarmante: A invasão da polícia nas comunidades das Malvinas e Nova Holanda no combate ao tráfico de drogas. Desde o ano passado, essas comunidades convivem com a expectativa de serem acordadas com a troca de tiros, e os demais moradores, com a suspensão temporária dos serviços públicos, como o transporte urbano. Mas desta vez, a situação tomou outros ares de indignação: A normalidade com que a população passou a tratar a questão. Estariam os macaenses se acomodando diante da freqüência da violência?

No início da manhã, os comentários sobre a ação da polícia eram constantes, como também o cenário político para a próxima sucessão municipal. O que se percebeu ao restante do dia foi a passividade (por grande parte da população) diante da notícia, a postura rotineira com que muitos se portaram e a falta de indignação dos moradores dessas localidades, comuns em outras ocasiões.

Uma moradora das Malvinas orientava seu filho, pelo celular, a adotar procedimentos seguros para chegar a casa, sem ter que ser revistado pela polícia. Ela o pediu que desligasse o celular, abaixasse a cabeça diante de algum policial que avistasse e não corresse diante de tumulto. Em uma situação como esta, qualquer mãe impediria que seu filho se dirigisse à casa ou até mesmo o obrigaria a ficar na rua (ou junto a ela) até que a localidade estivesse segura. A população está transformando a violência em uma atividade rotineira.

A polícia tem procurado fazer a sua parte. Os demais, nem tanto. Há tempos não se tratam a violência e criminalidade como fatores de responsabilidade unicamente das polícias. Comprovou-se que o caminho é a integração dos setores, tanto civis, sociais, empresariais, institucionais e pessoais. Sim como cidadãos, somos responsáveis pela imagem social que passamos aos nossos representantes. Aceitar a violência é acomodar-se diante do caos. É demonstrar que não atribuímos importância necessária a resolução desse problema. A crítica aqui se refere ao contínuo exercício da crítica que nós, cidadãos, não podemos perder. E de reivindicar.

O município iniciou há alguns anos uma série de programas do Governo Federal que visam diminuir os índices de violência. Os resultados são positivos, e por este caminho é possível ampliar de modo visível a diminuição da criminalidade. Integrando. Educação, Ensino Profissionalizante, Esporte, Cultura, Cidadania e Lazer são ferramentas comprovadas de coibição de jovens à criminalidade. Nos setores de segurança o caminho é o fortalecimento de parcerias entre os setores. Comprometimento. Atualmente essas iniciativas ainda são embriões do que poderiam ser feitas em um município como o nosso.

Quanto a nós, cabe à conscientização. Pessoal e coletiva. Não por meio de manifestações agressivas ou ilegais. Mas sim, por todos os veículos possíveis de exercício da cidadania e mobilizações sociais. Parece pouco e limitado, mas até agora essa prática tem sido insignificante em Macaé. É preciso rever nosso papel de cidadão. E mudar. Se não quisermos nos acomodar.

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