Verdades inescapáveis para a sociedade



Nas últimas semanas constatei que a pesar das constantes transformações pelas quais nossa sociedade vem passando, certamente uma possui tamanha importância que acaba de alguma forma, servindo de pilar para todas as demais: as relações humanas neste início de século. Da crueldade da individualidade à efemeridade dos relacionamentos, tudo caminha para nossa desintegração, social, moral e cultural. Para o bem ou para o mal.

Do ponto de vista positivo, essas mudanças, acredito, estão relacionadas aos parâmetros sociais impostos culturalmente durantes os séculos, que de alguma forma nos orientaram a atingir um determinado modelo de convivência. E atualmente, chegamos ao ponto da reavaliação desses comportamentos, impostos ou não, pela sociedade, criticando suas deficiências, hipocrisias e desapontamentos, tendo a certeza que certas relações funcionam apenas campo utópico.

Pelo ponto de vista negativo, essa questão se reflete justamente no processo de como estão sendo derrubados esses conceitos e paradigmas. Um bom exemplo para esta justificativa pode ser atribuída ao individualismo.  Hoje, ser você mesmo, fazer o que você quer, do jeito que você quer e com quem você quiser, passou a ser a tônica do momento. Para se relacionar, (em todos os segmentos) você é o centro de qualquer iniciativa. O problema é que todos estamos começando a pensar assim.

Palavras como: “este é o meu limite”,” eu não me permito”, “o problema não é meu”, “faço a minha parte”, dentre outras, passaram a fazer parte de nosso dia, conotações inteiramente individualistas, e descaracterizadas da independência que possuem, psicologicamente justificando. Confunde-se individualismo com independência ou liberdade. Ser independente significa não se conduzir por idéias alheias, que se mantém por si próprio, não causando preocupação, prejuízo ou responsabilidades a outros.  Acredito que liberdade é fazer o que deve ser feito e não fazer o que se quer, do nosso jeito.

O outro passou a estar sempre em segundo lugar, mas sendo nós, parte de uma sociedade, como devemos nos relacionar, se o outro se individualizou, como eu e você? Em que momento pararemos e pensaremos no grupo? No todo? Neles? Naqueles? Esquecemos que o outro também nos fortalece e que a solução para todos os problemas da sociedade só se resolverão por meio do outro. Verdades inescapáveis que a cada dia se tornam mais distantes.

Buscar correto nível de convivência social e das relações, para que possamos caminhar para uma sociedade mais verdadeira, depende, além de se conhecer enquanto cidadão, também saber de seu papel com o outro e seu grupo. A falta desses procedimentos é que tem levado (guardadas as devidas proporções) a segregação social, moral e até mesmo política. Todas as nossas ações passam pelas relações. Ter em mente essa afirmação não seria a chave para a continuidade da humanidade?

Comentários